Em entrevista concedida ao jornal norte-americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira (18), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reafirmou sua postura firme em relação ao processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar articular um golpe de Estado após as eleições de 2022.

De forma categórica, Moraes declarou: “Não há a menor possibilidade de recuar nem mesmo um milímetro”. Segundo ele, a Justiça brasileira seguirá o rito legal previsto, independentemente de pressões políticas ou diplomáticas. “Faremos o que é certo: vamos receber a denúncia, analisar as evidências, e quem tiver de ser condenado será condenado, e quem tiver de ser absolvido será absolvido”, reforçou.

Pressões internacionais

A fala de Moraes ocorre em meio ao aumento das tensões entre o Brasil e os Estados Unidos, após o governo de Donald Trump aplicar sanções ao país com base na Lei Magnitsky, que prevê punições contra autoridades acusadas de violar princípios democráticos. Entre as medidas estão a suspensão de vistos para ministros do STF e a aplicação de tarifas a produtos brasileiros.

O ministro minimizou as pressões externas e classificou a atual situação como reflexo da necessidade de defender as instituições brasileiras. Segundo ele, o Brasil foi infectado por uma “doença autoritária”, e o papel do STF é aplicar a “vacina da democracia” — combater a desinformação e proteger o Estado de Direito.

Caso Bolsonaro

O processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, em tramitação no STF, apura sua participação em supostas tentativas de mobilizar as Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) reúne provas documentais, vídeos e depoimentos de ex-ministros e aliados de Bolsonaro.

Alexandre de Moraes destacou que o julgamento seguirá os trâmites normais e que qualquer recuo seria um “grave atentado à democracia”. “Nosso dever é aplicar a Constituição e a lei, sem ceder a pressões externas ou internas”, afirmou.

Repercussão

A entrevista repercutiu amplamente tanto no Brasil quanto no exterior. Aliados de Bolsonaro criticaram as declarações de Moraes, alegando que há um viés político no processo. Já setores do governo federal e entidades de defesa da democracia manifestaram apoio à posição firme do ministro.

Com o julgamento se aproximando, a expectativa é de que o caso se torne um marco para a Justiça brasileira, testando os limites da independência do STF diante de pressões políticas e diplomáticas.

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